PROJETO

O projeto “Sob a estrela de Salomão: a Sociedade 13 de Maio como um lugar de construção da memória e da identidade negras em Curitiba” trata de uma pesquisa de caráter histórico e etnográfico sobre Sociedade Operária Beneficente Treze de Maio como lugar da identidade negra em Curitiba. 

A Sociedade é um dos Clubes Negros mais antigos do Brasil, com fundação de 1888 – todavia os registro indicam articulações dos seus fundadores já em 1886 frente a Lei áurea sancionada pela Princesa Izabel em 13 de maio de 1888[1].

Verificando fotos antigas, observa-se que a Estrela de Salomão ou Cinco
Salomão, já decorava o espaço e o protegia. Mesmo após as numerosas reformas arquitetônicas que se sucederam no tempo, a estrela continua lá, na entrada da casa e no teto do salão principal, remetendo à continuidade da Sociedade Treze de Maio como lugar da identidade negra em Curitiba. 

Localizada na Rua Clotário Portugal, esquina com a Rua Princesa Isabel, no bairro São Francisco região histórica de Curitiba, a Sociedade constituiu o clube dos negros na cidade, não demorando a aceitar também brancos no seu quadro de sócios, composto principalmente por trabalhadores.

"Sob a estrela” pretende identificar e documentar, através de um documentário etnográfico, como a memória coletiva dos antigos sócios e atuais freqüentadores constitui a Sociedade Treze de Maio como lugar de referência e construção da identidade negra em Curitiba.

Curitiba que é vista, tanto no imaginário dos seus moradores quanto no senso comum como cidade “branca”, resultado da colonização européia. Atualmente, diversas associações e projetos estão destacando a importância da presença negra na cidade e no estado como elemento constitutivo da sociedade paranaense. Dentro deste contexto, onde se passa a re-conhecer a importância da negritude, a Sociedade Treze de Maio representa um espaço e um fragmento de história e memória a ser preservado.

Desde sua fundação, a Sociedade promoveu eventos ligados à cultura afro-brasileira: abrigou ensaios de escolas de samba, realizou a abertura oficial do Carnaval na cidade; ensaios e oficinas de grupos de Maracatu; escolha da “mais bela negra”; bailes e rodas de samba e a anual comemoração do 13 de maio. Esta comemoração acontece, de forma ininterrupta, há 123 anos, seguindo certo ritual: uma missa na Igreja do Rosário, visita ao jazigo da sociedade no Cemitério Municipal, onde estão enterrados sócios e fundadores e, por fim uma festa no salão de baile. Nos últimos anos, diante de um despertar para a cultura negra, a casa tem recebido não só os antigos sócios, mas também uma grande quantidade de jovens de diversas matizes. As memórias e afetos dos frequentadores relacionados à “Treze”, de fato, esboçam não uma única ou verdadeira história, mas fragmentos de discursos que remetem à uma identidade múltipla. A partir de um referencial negro, o lugar promove uma sociabilidade mais ampla e diversa, não se resumindo apenas aos negros “de pele”. Uma referência cultural e histórica de negritude em Curitiba.



[1] Dados sobre os clubes sociais negros no Portal do Clubes Sociais Negros do Brasil: http://www.clubessociaisnegros.com.br/.

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